quinta-feira, 24 de março de 2011

Tecidos Africanos, tecidos que falam.

Na África, os - de inigualável riquieza cromática - Tecidos Africanos eram substitutos da pintura - a comparação é pertinente, visto que os tais tecidos mais parecem telas; em alguns países, inclusive, configuravam ciclos de aldeias e realezas, e além de servir para confeção de vestuário e afins, tinham fins sociais: indicavam o prestígio daqueles que os vestiam,a metragem e o peso do produto são proporcionais à fortuna e ao poder daquele que os possui: se este faz parte das pessoas influentes da comunidade, chefe político ou grande comerçante, e o reconhecimento da nobreza dava-se através das estampas. A quantidade de tecidos de cada família configurava a ruiqueza da mesma, e fatalmente os tecidos mais belos registriam-se aos que detinham o maior poder. Dar tecidos como presente possibilita a solução de inúmeros conflitos, esses presentes são feitos em momentos importantes da vida de cada um (maioridade, casamento, nascimento dos filhos). Para manter boas relações com a família, os amigos, os vizinhos, para ser admitido numa seita, cada pessoa é incitada a dar tecidos e a recebê-los.

Trocando em miúdos, os Tecidos Africanos, sejam aqui ou acolá são um escândalo de cores e alegria.



quarta-feira, 23 de março de 2011

Vaidade ou submissão?!

'O alisamento era claramente um processo no qual as mulheres negras estavam mudando a sua aparência para imitar a aparência dos brancos. Fragmento do texto 'Alisando nossos cabelos', do site criola.org.br

Seria vaidade ou uma involuntária submissão aos caprichos da ditadura branca ?! Instintivamente mulheres negras acreditam que ter os cabelos alisados, assim com as brancas, seria um meio de estar esteticamente 'à altura' dessas. A autora do texto fonte, declara que na sua infância o ritual de alisar os cabelos, era não apenas vaidade, mais sim a 'porta de entrada' para a juventude feminina, porém delicadamente ela passou a identificar a influência branca naquele gesto. Ela cita que, a partir disso passou a aceitar e exibir os cabelos naturais, e que certa vez participou de um processo seletivo com cabelos trançados (e passou), mas ao retornar pra casa seus pais disseram-lhe, que ela tinha um 'aspecto desagradável'. Algumas mulheres mostram-se menos convencidas, e talvez com razão, de que seria menos penoso disputar uma vaga de emprego com o cabelo alisado. Uma delas assume que compraria uma peruca lisa e comprida para entrevista de emprego, ou seja, insegurança com seu próprio valor, em relação à sociedade de supremacia branca.
'Aos olhos de muita gente branca e outras não negras, o black parece palha de aço ou um casco. As respostas aos estilos de penteado naturais usados por mulheres negras revelam comumente como o nosso cabelo é percebido na cultura branca: não só como feio, como também atemorizante. Nós tendemos a interiorizar esse medo.O grau em que nos sentimos cômodas com o nosso cabelo reflete os nossos sentimentos gerais sobre o nosso corpo.' 'Fragmento do texto 'Alisando nossos cabelos', do site criola.org.br

Ela menciona ainda que, segundo uma pesquisa, negras heterossexuais justificam alisar seus cabelos devido à ser mais atraente aos homens, enquanto negras homossexuais evitam tal gesto pra não criar vínculo com a necessidade de aprovação do macho.
Daí, vê-se o quanto os cabelos influenciam diretamente os demais comportamentos. E que a aceitação do cabelo de negro natural, em sua original textura requer propriedade e segurança, uma vez que as críticas são muito comuns. A tentativa de mudança está diretamente relacionada, com baixa auto-estima.
A justificativa, previsível, de algumas mulheres é que 'dá menos trabalho' e que 'toma menos tempo'.

O fato é que o racismo e a mídia, impõem padrões. Induzem, a todo o tempo, que o modelo de beleza e/ou perfeição estética é o branco, e isso é reflexo da supremacia branca na sociedade.

Citação feita por: criola.org.br, retirada da Revista Gazeta de Cuba – Unión de escritores y Artista de Cuba, janeiro-fevereiro de 2005. Tradução do espanhol: Lia Maria dos Santos. Retirado do blog coletivomarias.blogspot.com/.../alisando-o-nossocabelo.html

Graça Silva